A era das máquinas espirituais

É muito difícil fazer previsões. Especialmente sobre o futuro.
— Niels Bohr

Quando eu era apenas um garoto… Tá, já não mais tão juvenil assim, eu estava prestes a completar 30 anos, o Alexandre Maron me deu o famigerado livro que mudou a maneira como eu via o mundo. A Era das Máquinas Espirituais, de Ray Kurzweil que achei curioso ter o mesmo nome dos sintetizadores que eu sempre via meus ídolos da música tocando. Até eu descobrir (no próprio livro) que era o mesmo sujeito, um serial inventor.

Imagine um mundo em que as diferenças entre o ser humano e a máquina se enevoam, a linha entre a humanidade e a tecnologia se apaga e no qual a alma e o circuito eletrônico de sílica se unem. Não se trata de ficção científica. Este é o panorama vislumbrado por Kurzweil — um dos maiores especialistas em alta tecnologia no mundo — para o século XXI. Para ele, este novo milênio experimentará o casamento da sensibilidade humana com a inteligência artificial, alterando extraordinariamente a maneira como vivemos agora.

Kurzweil contava sua visão de singularidade e nossa jornada até lá. Provava que o ponto da história onde não vamos diferenciar entre um computador e uma pessoa era não só inevitável, já estava em andamento. Afinal de contas, hoje em dia já é normal o uso de próteses ortopédicas, aparelhos auditivos, marcapassos e, por que não, óculos de grau para corrigir problemas do corpo.

Ele defende que se a Lei de Moore — aquela que diz que o poder de processamento dos chips dobra a cada 18 meses, mantendo-se o custo de produção — continuar sendo verdade (spoiler: continua), um computador de US$ 4.000 dólares (em valores de 1999, ano do lançamento do livro) terá o mesmo poder de processamento de um cérebro humano em… 2019. Tá, eu sei. Não é a única previsão errada. Ele também diz que em 2019:

Os computadores agora são em grande parte invisíveis. Eles estão embutidos em todo lugar – em paredes, mesas, cadeiras, escrivaninhas, roupas, joias e corpos. As pessoas rotineiramente usam displays tridimensionais incorporados aos seus óculos ou lentes de contato. Esses displays “direto no olho” criam ambientes visuais virtuais altamente realistas, sobrepondo o ambiente “real”. Esta tecnologia de exibição projeta imagens diretamente na retina humana, excede a resolução da visão humana e é amplamente utilizada independentemente de deficiência visual.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes do Boa Noite Internet. Para continuar lendo apóie o nosso trabalho, por menos que uma coquinha zero por semana.

Assine Agora

Já é assinante? Entre com seu usuário.