Greve do Reddit: quem gera valor na internet?

Nós (a comunidade da internet) cometemos um terrível erro com as redes sociais. Formamos conexões, comunidades e amizades em sites como Facebook, Twitter e Reddit, mas essas empresas precisam ganhar dinheiro, então essas conexões só são permitidas existir enquanto fazem parte de um sistema lucrativo. Que horrível é reduzir a conexão humana a isso. Pensar que só me é permitido manter certas conexões sociais enquanto elas continuam a produzir valor monetário para um intermediário. Um erro terrível, terrível.
moskie

O Reddit está “em greve”. Talvez a gente precise de novas palavras no século 21. Quem entrou em blackout foram os moderadores de 96% das comunidades, no pico dos protestos. O que traz de volta a discussão que tem, sim, tudo a ver com greves e movimentos trabalhistas em vários pontos da história: onde está realmente o valor de empresas como Reddit, Twitter e Meta?

Na “época antiga” do Braincast, a temporada em áudio antes de pivotar para vídeo (e despivotar em 2013… até repivotar de novo agora em 2023), o programa mais ouvido era sobre a Cauda Longa, que na época (década de 00) estava mais conectado à venda de livros e outros produtos artísticos como mp3, mas está no centro do modelo de negócio de toda rede social. Ali por 2013, quando criadores de conteúdo famosos reclamavam que o Facebook não pagava nada para eles, a resposta do Zuck era mais ou menos “tudo bem, porque o conteúdo que as pessoas querem realmente ver é o dos amigos e parentes”. As coisas mudaram de lá para cá — no mundo e na Meta — mas a parte que permanece correta é: o dinheiro de verdade está no somatório de cada centavinho gerado por criadores e consumidores de conteúdo.

É claro que não estou dizendo que a rede social não faz nada, nem que não tem custos. O Elon Musk mesmo está aí tentando cortar custos e… bom, deu no que deu. E segue dando. A discussão é: qual é o valor dessas redes? Literalmente, monetariamente. Porque elas não se veem apenas como “infraestrutura de conversas”, já que isso a colocaria na temida posição de commodity. (que é um palavrão no mundo dos negócios)

Cada dia que faço minha ronda de notícias aparece um novo Novo Twitter. Posts curtos, timeline, seguir, curtir, retuitar. A gente lembra com saudosismo irônico de quando lá em 2007, 2008, começaram a aparecer redes que iam suplantar Twitter. A era do “aqui já deu, vamos todos pro Plurk!” (que segue funcionando!) Ou o Jaiku (que foi comprado e morto pelo Google). Lembro também o Pownce (que foi comprado pelos donos do Movable Type e afundou com eles).

Todas estas ferramentas eram tecnicamente melhores do que o Twitter — que na época não tinha nem o sistema de respostas com @, nem hashtags. Ainda assim ficamos. Ninguém saiu.

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