Vem aí muita IA do Google

A arte é um lembrete de que você é mais que um corpo e sua respectiva mágoa.
— Carmen Maria Machado

Tem muito tempo que a gente não fala do que anda acontecendo no mundo da Inteligência Artificial pelo mundo. Porque depois da famosa carta o barulho diminuiu. Pode ter sido coincidência, as empresas preparando seus próximos movimentos. Que foi o que rolou esta semana, com o Google fazendo a tradicional convenção de lançamentos, a Google I/O, que desta vez foi tão “centrada em IA” que a galera até zoou quantas vezes a expressão foi usada.

Vou confessar aqui que eu esperava mais do Google. Não que o que foi mostrado não seja interessante. É só que foi aquele clima de “vem aí… mas não agora”. O único grande “lançamento” que a gente pode usar de verdade é que o Bard foi liberado sem fila de esperas, em inglês, em 180 países. E o Brasil não é um deles. 🫠

O problema dos anúncios que são apenas vídeos acontecendo em um telão é que entre hoje e eles virarem produtos reais muita coisa sempre muda. Quem acompanha o mercado de videogames conhece essa dor. Até porque o que o Google prometeu pode não ser nada revolucionário (muitas coisas anunciadas já possuem sua versão do lado Microsoft-OpenAI do ringue) mas colocados dentro do ecossistema do Google podem ser muito úteis.

Aliás, no fim das contas o ecossistema vai acabar sendo o grande fator de decisão para nós: a Microsoft historicamente foca nos clientes corporativos que usam o tal “Pacote Office” (seja lá qual for o nome agora). Este é centro de seu modelo de negócios, não as pessoas físicas. Já o Google até briga com a Microsoft com seu Google Workspace (seja lá qual for o nome agora), mas o carro chefe ainda é servir publicidade a partir de buscas e interações do tipo. Do mesmo jeito que a Microsoft até tem o Bing, o Google até tem o Workspace. Se o meio é a mensagem, o norte das equipes de desenvolvimento de cada empresa é determinado por isso.

Um bom exemplo disso, por sinal, foi que finalmente a IBM resolveu falar “ei, eu faço tudo isso aí anos antes de ser modinha”, anunciando o watsonx. Porque (desde sempre?) a IBM não está nem aí para o que eu e você, pessoas físicas fazemos com tecnologia. O negócio do Watson é ajudar empresas a dar sentido a seu oceano de dados. Coisas como vencer o Jeopardy! ou derrotar o campeão mundial de xadrez com IA são só truques de marketing para as empresas falarem “ê lá em casa!”.

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