O ChatGPT é apenas uma máquina de gerar bullshit (e tudo bem)

Um robô-máquina de escrever. Imagem gerada por inteligência artificial.

Eu sou um escritor, trabalho com palavras todos os dias, do mesmo modo que um carpinteiro trabalha com a madeira ou um pedreiro com tijolos. Assim, eu sinto uma responsabilidade para com a linguagem. Penso que muitos dos maiores males deste mundo começam com a corrupção da linguagem, e é meu dever gritar a cada vez que vejo alguém usando uma linguagem contaminada.
— Amos Oz

Enquanto eu avançava na minha pesquisa sobre as novas plataformas de IA achei que seria prudente pesquisar se a visão que eu tinha de como tecnologias como GPT-3 funcionam era realmente verdadeira. Afinal de contas, hoje vamos falar dos motivos que levaram o ChatGPT a cometer tantos erros básicos da edição da semana passada.

Como bom usuário de internet em 2023, uma das coisas que fiz foi usar o maior repositório de conhecimento e respostas do mundo: o YouTube. E o choque (tá bom… nem tanto choque assim) é ver que o número de views para vídeos “como funciona o GPT-3” é muito menor do que para os vídeos “como usar o GPT-3 para xyz“. Para fazer anotações, para criar vídeos no YouTube, para escrever livros, para criar sites…

Quando eu estava na escola e depois na faculdade eu odiava os professores que diziam que “antes de te ensinar a usar esta ferramenta, você precisa entender de onde ela veio e como funciona”. Ah, professor! Qual o sentido de aprender a usar o torno mecânico se já existem máquinas que fazem isso com o apertar de um botão?!? Só me ensina qual botão apertar!

Ou então uma professora de português que no meio da explicação sobre gramática suspirou, dizendo que seria muito mais fácil entendermos aquele conceito se, como ela, tivéssemos aprendido latim no ensino básico.

Na vida a gente morre herói ou vive tempo suficiente para… virar estes professores. Preciso saber de onde uma coisa veio, não só por uma curiosidade natural, mas também por acreditar que nossa relação com tecnologia deveria ser de, por exemplo, ao dirigir um automóvel sabermos minimamente como ele funciona1. Ninguém precisa sair daqui escrevendo papers sobre IA (muito menos eu), mas essa compreensão vai nos ajudar a responder à questão deixada em aberto semana passada e a partir daí, entender se um dia o GPT-next-generation vai acertar mais respostas.

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