Feedback imediato, por favor

De acordo com vários estudos, o maior medo das pessoas é falar em público. A morte é o segundo. A morte está em segundo lugar. Isso parece correto? Isso significa que, para a pessoa média, se você tem que ir a um funeral, é melhor estar no caixão do que fazer o discurso fúnebre.
Jerry Seinfeld

Estava aqui pensando em como o trabalho que eu faço no podcast e na newsletter não tem feedback imediato, que é uma dos segredos da motivação no trabalho, como falamos ano passado no episódio mais ouvido do ano. E por motivos de cabeça barulhenta, isso me levou a refletir sobre como a falta de feedback imediato é o verdadeiro motivo de o mundo estar indo para a vala, econômica, climática… e tudo mais.

Fazer podcast não é como uma peça de teatro, onde as pessoas riem ou aplaudem na hora — ou não aplaudem. Não é por acaso que atores preferem teatro a coisas como cinema. Número de plays é um dos poucos feedbacks que tenho como podcaster, além de ver a galera compartilhando no Instagram durante a semana. Fora isso, eu sei que mais de 60% de vocês abrem a newsletter. E pronto. Não sei quem são, se são os mesmos 60%, nem mesmo se gostaram. Tampouco sei o quanto a newsletter é um fator importante para manter a assinatura — mas sei que sempre que falo sobre a newsletter no Instagram pingam uns novos assinantes.

Está vendo como eu sempre estou buscando “sinais”? A gente precisa de sinais.

Eu costumo dizer por aí que uma das melhores coisas de fazer podcast é que esta mídia não tem a montanha de analytics que as outras mídias digitais têm. O podcast nasceu como uma grande gambiarra: um formato XML que criava uma espécie de arquivo-anexo (um mp3) em posts de blogs, que era interceptado por um app que os founding nerds rodavam em seus Macs e criava playlists no iTunes, para que os arquivos pudessem ser ouvidos nos iPods. Pod-cast? Ahn? Décadas se passaram mas, na base, o podcast ainda é isso: um arquivo mp3 saindo de um servidor e indo até você. O que acontece depois, não temos como saber, porque cada um ouve como quiser. (exceto Apple e Spotify, que monitoram o que você faz em seus apps e compartilham parte da informação com quem criou o podcast) Não dá nem para saber de onde as pessoas vieram para ouvir o podcast. Este episódio mesmo, sobre motivação, tinha números normais. Até que uma semana depois do lançamento ganhou um novo fôlego. Por quê? Jamais saberei.

Por isso sempre vi essa coisa toda de podcast não fornecerem muitos dados como uma vantagem. Estou livre para fazer a minha arte. Se eu souber que Fulaninho indicou meu podcast eu vou me sentir incentivado a falar mais com o público de Fulaninho. Não há gráficos de calor, barras crescentes na tela, análises históricas a se fazer.

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