Guardar ressentimento é deixar alguém que você despreza viver sem pagar aluguel em sua cabeça.
— Ann Landers

Como todo bom pai eu vivo com a sensação de que sou um Pai de Merda™. De sempre achar que devia estar fazendo mais pelas minhas filhas, desde sentar no chão para brincar quando elas eram bebezinhas até fazer o famoso “estimular” elas, criativa ou tecnicamente. Que, por exemplo, eu devia incentivar a mais nova a programar, dando desafios ou enviando tutoriais. Eu não faço nada disso. Eu deixo correr solto. Aí um dia, quando elas forem umas burraldas, sem carreira porque não sabem de cabeça a raiz quadrada de Pi, a culpa vai ser minha que não coloquei o CD do Baby Einstein para tocar quando elas eram bebês!!!

Só que de vez em quando, eu respiro e penso “tá tudo bem”. Como ontem, no almoço, em que fiquei comentando que achava curioso que a expressão “alugou um triplex na minha cabeça” em inglês é o contrário, porque diz que a ideia “está morando na minha cabeça sem pagar aluguel“.

Papo que veio na sequência da Anna contar que nosso gato morreu no hospital veterinário depois de 6 paradas cardíacas e 2 convulsões, ou seja: ele gastou as sete vidas e só morreu na oitava. E que gatos americanos têm nove vidas. (Aqui está a explicação desta diferença, já tenho papo para o almoço hoje) Tudo isso ao olhar da nossa faxineira, que claramente pensava enquanto comia “Essa é a família mais doida onde eu já trabalhei”.

A expressão americana para ideias que ficam em nossa cabeça vem da citação que usei na abertura da newsletter, da colunista americana Ann Landers e indica que a tal coisa não deveria viver ali. Porque quem mora de graça é vagabundo e precisa ser despejado. Já em português eu uso com um sentido mais positivo. Como uma das pessoas que entrevistei na temporada dizendo que uma das coisas que conversamos alugou um triplex na cabeça dela. “Continuo tentando responder”.

Sendo assim, esta edição da newsletter é dedicada a algumas coisas que alugam triplex na minha cabeça. Tem vaga aí na sua?

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