Reflexões sobre a nova temporada

Por que publicar o que não presta? Porque o que presta também não presta. Além do mais, o que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto do modo carinhoso do inacabado, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno voo e cai sem graça no chão.
Clarice Lispector

Esta semana voltamos em caráter especial ao “modo palestrinha” do Boa Noite Internet. O que significa que meu tanque de combustível de escrita anda bem vazio depois de tanto acelerar. É o famoso tipo de coisa “eu gosto, mas cansa”. É também um bom momento para refletir sobre estes primeiros 4 episódios da nova temporada (domingo sai o quinto, pra quem começou a fazer as contas).

O formato de entrevista chegou por vários motivos. Logo de cara, me livrar de ter que escrever 1 ensaio por semana, um formato que faz sucesso, mas que ao longo do tempo vai se tornando puxado, com o efeito de a temporada não conseguir durar muito. O Boa Noite Internet começou no fim de novembro de 2018, não parou para o fim de ano e no julho seguinte eu já não aguentava mais, tirei 1 mês de “férias”, fazendo 4 programas mais leves, de papo com os outros ampèrers e com a Jessica. Em outubro entrei para o BuzzFeed e 1 mês depois parei com o que chamo de “temporada 1” porque, apesar de querer continuar, eu não dava conta.

a nação do fogo atacou veio 2020.

Uma coisa é sentar em uma mesa de bar descontraída e fazer 50 programas por ano. Outra é fazer tudo sozinho, saindo da folha em branco. Não há metodologia de produção de podcasts que resolva. Entrevistar pessoas não é só “senta aí e conversa”, é preciso um mínimo de preparação para conhecer a pessoa. Mas é bem mais suave.

Quando eu gravei a terceira ou quarta entrevista este ano, o Gui, meu sócio and produtor aqui na Ampère, me mandou mensagem rindo “Como é a sensação de não precisar mais se preocupar com episódio por 1 mês?”. No que respondi — porque eu sou eu — que não era bem assim. Porque eu quero editar os episódios. Deixar o programa enxuto, respeitando o tempo de quem escuta. Assim eu posso ter liberdade de testar certas perguntas na entrevista, meio como quem dá aquela pisadinha no terreno instável pra ver onde dá pra caminhar. Quando a entrevista começa eu tenho uma suspeita, um desejo, de onde pra onde eu quero que ela vá, mas isso não garante nada. Entrevistar é uma dança.

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