O dia em que deixei de ser verificado no Twitter

O Twitter tem tão pouco atrito que pode até ser considerado lubrificado: você pode criar uma conta e, acidentalmente, deixar a nação inteira da Malásia irritada com você em apenas 20 minutos.
— Max Read

Se o foguetão do Elon Musk não tivesse explodido, talvez eu ainda fosse verificado no Twitter, sabe? Vamos ver se agora o povo se revolta e sai de lá. Mas o Twitter é namorado tóxico demais para eu ter algum otimismo.

Números não oficiais indicam que dos 387 mil verificados “legado” (como eu), 28 (!!!) pagaram pelo blue. Não sei se estão nessa conta famosos como Lebron James (que tinha prometido não pagar) que o Elon Musk falou que seguem verificados porque ele está “pagando do próprio bolso”. Ah, e o Gil do Vigor.

Esta semana consegui o meu convite para o Bluesky. Que meu sócio, Gui, descreveu (feliz) como “igualzinho o Twitter, só que sem o Elon Musk”. No que ele estava mais certo do que imaginei, porque realmente é escandaloso o quanto o Bluesky é igual ao Twitter. Se a gente se distrai, pode realmente achar que está no Twitter. E este é o problema. Porque o que me levou a sair do Twitter — a rede que me criou, que me trouxe até aqui, que me gerou aplausos por ser o primeiro, como se isso tivesse valor — não foi o Elno. Ele foi só o empurrão final que eu precisava. Eu já tinha “saído” do Twitter pelo menos umas 3 vezes antes, mas como diria Michael Corleone, eles me puxavam de volta. O Musk foi só a história de que se 10 pessoas estão sentadas em uma mesa de bar e um nazi senta com elas, agora temos 11 nazis. Mas o bar já era zoado antes.

Assim criei minha conta no Bluesky, cliquei na aba “what’s hot” e a primeira coisa que vi, não estou exagerando, foi uma treta bem com a cara do Twitter. Uma pessoa metendo o “eu só acho engraçado”, uma coisa meio soft exposed, de que a Rosana Hermann estava dizendo no Twitter que no Bluesky seguia o mesmo clima tóxico da rede-do-passarinho, mas aí mostrando prints onde ela teria pedido convites para a nova-rede-que-é-igual. Porque, aparentemente, não pode falar mal de uma rede onde você pediu convite. O que por si só já mostra a visão de clubismo, de que devemos defender o Twitter ou o Bluesky por princípio. (ou o time que contrata técnico condenado por estupro, mas não falamos de futebol por aqui). E nos comentários todo mundo rindo, zoando, dizendo habla mesmo e aquelas coisas todas que eu já tinha esquecido como era.

Puro suco de Twitter.

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