Temos que tratar as IAs como crianças

A dor é como o monóxido de carbono. Expressá-la para a pessoa que te feriu é como abrir um respiradouro, mas segurá-la vai te envenenar.
Coach Beard

O imaginário humano está cheio de histórias de pequenos exércitos (literais ou apenas figurativos) enfrentando oponentes muito maiores e com mais recursos. O pequeno grupo de guerrilheiros derrubando o grande império, o azarão do futebol vencendo o timaço e também a opinião pública. A pequena técnica jurídica, que nem advogada era, e ainda assim derrotou grandes corporações e seus escritórios de engravatados.

Como vivemos em um mundo hollywoodiano, no final o pequeno vence, provando para nós, do outro lado da tela ou das páginas do livro, que o que há dentro do nosso coração é mais valioso do que qualquer firma com cadeiras luxuosas e ar-condicionado no talo. Porque se não for assim a gente nem tenta.

Eu lembrei deste tipo de história quando sentei para escrever aqui e pensei em todas as coisas que eu não fiz no Boa Noite Internet. Como, por exemplo, uma pesquisa, um Censo do público para, por exemplo, saber o que vocês querem desta newsletter e do podcast em geral. Porque sobra vontade e falta braço. Ou um e-mail para todos os ex-assinantes falando “volta!”. Se o Boa Noite Internet fosse o projeto de algum grande estúdio, teríamos equipes de marketing e análise do consumidor pensando produtos e calibrando o tom de cada mensagem. Em vez disso, vamos como dá.

Não me leve a mal. Não estou reclamando. É só o desespero de estar no pé da montanha e olhar a ladeira. Ou — pra manter a analogia do episódio passado — estar na linha de largada da maratona. Semana passada, às vésperas da volta do podcast, eu tive o que deve ter sido minha melhor semana em 3 anos. Esta semana, depois de uma das entrevistas da temporada, fiquei falando pra mim mesmo, eufórico, “eu amo meu trabalho”. Eu nunca fui tão feliz trabalhando quanto no Boa Noite Internet — confirmando o chavão do herói que larga a grande corporação para abrir um pequeno, mas aconchegante restaurante de esquina.

Ninguém está me cobrando de fazer nada, só eu mesmo.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes do Boa Noite Internet. Para continuar lendo apóie o nosso trabalho, por menos que uma coquinha zero por semana.

Assine Agora

Já é assinante? Entre com seu usuário.