Nós salvamos o mundo estando nós mesmos vivos.
— Joseph Campbell

O último baile no Twitter

Talvez o Twitter sobreviva. Mas se eu entendo pelo menos um pouco de tecnologia da informação, agora que a empresa perdeu mais da metade da força de trabalho… parece difícil. A menos que o Elno tire uma ninhada inteira de coelhos da cartola, estamos falando de quando e não de se. Meu palpite é de que o iceberg é a Copa do Mundo, que tradicionalmente é um evento que testa a capacidade técnica do Twitter.

O clima da rede já é de despedida. Galera se abraçando e lembrando os bons momentos. Em um ano onde já nos livramos de Bolsonaro, ver o Elon Musk passando vergonha em rede nacional e, quem sabe, ficarmos sem a rede que odiamos amar, pode ser um ótimo sinal para 2023. Ou que, pelo menos, a gente (coletivamente) passe a ter uma relação mais saudável com pássaro-app.

E pra onde vamos? Por mim, pra lugar nenhum especificamente. É hora da diáspora. De acabar com a centralização. Foi mals, McLuhan, mas isso de aldeia global acabou não sendo uma boa ideia no fim das contas.

Sem perceber a gente já vive essa descentralização. Os grupos de Zap são onde passamos mais tempo e formamos mais conexões. Eles respeitam a ideia de identidades separadas — o “sonho do Google Plus” que zoei no episódio Mascarados. No grupo de Fortinho eu falo de jogo e zoeiras-hétero. No do Braincast eu falo de esquerdices. E no da família eu só falo amenidades e mando fotos de crianças fofinhas — no caso, minhas filhas. É assim que as relações duram. Eu não preciso dar de cara todo dia com seu lado que não preferia saber. E vice-versa.

Mas o Meio é a Mensagem e as redes precisam de uma identidade única, para formar nosso perfil de consumidor. Na onda de mega demissões da Meta semana passada ouvi de mais de uma pessoa a versão de que o grande golpe na Zucklândia veio quando a Apple restringiu a coleta de dados individuais no iOS. Não gosto da ideia de uma empresa destruindo outra com uma canetada, mas as coisas são mais complicadas do que isso e não vou defender nenhum lado não.