Furar a onda

Escrever ficção apaga o tempo para mim. Eu sento e o relógio deixa de existir por umas horas. É provavelmente o mais perto da imortalidade que eu vou chegar. Fico com medo de soar pretensioso porque todo mundo que escreve ficção está dizendo, ‘Olha isso aqui que eu escrevi.’

— David Foster Wallace

Que semana, hein Tintim? Ainda faltam 3. Eu tinha alguma esperança, sim, de que o Lula ia levar no primeiro turno. Não era gigante (fora as piadas “vai ser 70%, galera!”), mas existia. Por mim, pela minha saúde mental. Pra poder pensar em qualquer outra coisa. Já falamos disso por aqui. Quando a vitória definitva não veio, eu nem fiquei tão mal assim. Quer dizer, eu fiquei mal, por outros motivos.

O que bateu mesmo foi ver que eu passei 4 anos achando que as pessoas iam entender, vendo na prática, que o Bolsonaro não é isso que elas achavam que ele era. No poder não dá pra ficar só falando, tem que fazer. E ele não fez nada. Sério, ele não fez nada além de lives e passeios de jetski. Na pandemia ele fez tudo errado, mas foi mais que isso. Esquece pauta identitária, violência e tudo mais. As pessoas teriam visto que em todas as pautas que ele se orgulhava — incluindo corrupção.

Bom… Deu no que deu.

Daí, como tanta gente me bateu aquela bad. Bolsonaro teve domingo mais votos do que no primeiro turno de 2018, quando ele era só uma promessa. Na prática, ele era aquilo que as pessoas queriam mesmo. Esse foi o real baque emocional. Ver que o Brasil de verdade não é o mesmo que o meu Brasil imaginado.

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