Provei que sou mais inteligente que o ChatGPT!

Você não precisa acreditar em Papai Noel para acreditar que as pessoas dão presentes no Natal.
Cixin Liu

O @renatchein, moderador do Melhor Discord, indicou um daqueles jogos desgraçados e viciantes que, na verdade, também serve como um novo Teste de Turing — o procedimento capaz de determinar se uma IA é I mesmo — depois que o pessoal por aí descretou sua morte em 2014, afirmando que ele não é suficiente para determinar inteligência de nada. Não fiquei surpreso ao descobrir que “o pessoal” é Gary Marcus, psicólogo e cientista cognitivo que deve ser hoje a maior “voz anti-IA” do mundo.

Assino a newsletter de Marcus para passar raiva manter uma dose saudável de anti-hype. Porque, sendo psicólogo, seu foco está na definição do que é inteligência. Se você é do tipo de pessoa que se pergunta “tá, mas o ChatGPT é inteligente mesmo?” vai gostar das ideias dele. Spoiler: não é e nunca serão. Primeiro, porque “inteligência” é um conjunto de coisas conectadas — esta conexão é importante. Marcus é um dos defensores da visão de que o ChatGPT é um “autocompletar turbinado”, já que é um modelo de linguagem muito grande.

Não é que eu discorde da visão dele. É só que para mim, para meu uso e minha visão, esta é a pergunta errada. Deve ser porque eu não sou psicólogo. Não estou afeiçoado à palavra inteligente. Talvez (Freud explica) por saber que sou um cara considerado cientificamente inteligente e que muitas vezes isto não me serve de porra nenhuma, com o perdão do meu grego aristotélico. Inteligência é mais do que bater um bom papo ou QI alto.

Não sendo psicólogo e sim escritor, me interesso em saber o tipo de tarefa que posso — e não posso — dar para o ChatGPT. Durante 2023 testei várias destas tarefas e não precisei de muito tempo para descobrir que as do grande conjunto que chamamos de criatividade estão além do alcance do GPT. Qualquer pedido de ideia criativa cai no lugar-comum — o que é meio que o propósito da criatividade, criar algo que não foi pensado, nem que seja uma combinação de coisas que já existem. Original.

Foi em uma madrugada de insônia que resolvi abrir o artigo.app, sugerido lá no Discord, a versão brasileira do Redactle, jogos criados na onda do Wordle que tantos cabelos me fez perder mas consegui largar o vídeo. A diferença é que em vez de descobrir uma palavra a partir de letras, aqui temos um verbete da Wikipedia com a maioria das palavras “censuradas” (redacted, daí o nome gringo), fora as manjadas como preposições, pronomes e conjunções.

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